sábado, 26 de dezembro de 2009

A questão ibérica

Uma recente entrada no blog “Aliás” sobre uma recente sondagem do jornal “El País” segundo a qual 40% dos portugueses aceitariam a união com Espanha suscitou-me este comentário:
A questão ibérica emerge historicamente de tempos a tempos.
Mais recentemente o paladino da união tem sido o "El País".Para além do que, na minha geração, nos ensinaram na Escola das nossas relações históricas com os nossos vizinhos, é útil racionalizarmos a questão. Pode o "El País" empertigar-se com os resultados da sondagem (não sei se os publicaria se menos favoráveis) mas a verdade é que ainda restam 60% de portugueses que teriam uma palavra a dizer. Aliás ponho reservas à aplicação da lei das maiorias em questões tão sensíveis como esta. Caso 51% dos portugueses fossem a favor da pena de morte esta deveria ser aplicada? Depois há a questão liminar do regime: Monarquia ou República? E se se caminhar para uma Europa das Nações que sentido faz unir o que está desunido há quase um milénio? E como reagiriam as regiões que em Espanha lutam (algumas ferozmente) pela independência? Quer-me parecer que, afinal, a classe mais interessada na união é a do capital ("et pour cause"!) mais alguns intelectuais que, no fundo, se envergonham de ser portugueses. Evocas, e muito bem, a cultura como factor essencial de identidade e independência nacionais. E cultura não é só livros, é sentenças sentidas do povo. Como apagar da memória colectiva o ditado "de Espanha nem bom vento nem bom casamento"? Para mim a conhecida frase de Lucáks "não há filosofias inocentes" assenta como luva a estas notícias: algo se pretende com elas. É o que se chama "gato escondido com rabo de fora". Tenho andado muito por terras de Espanha, admiro o seu passado, a sua cultura (identifico-me bem mais com o Unamuno do que com o Ortega y Gasset), e as suas gentes e tenho sérias dúvidas de que desejem a união.

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