quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

«A Voz do tempo»


Interroguei a "Voz do Tempo" sobre mim:

FC - Como foi a minha vida até vir parar á EMPB?
VT – Nasceste na aldeia de Brunhoso, Mogadouro, “ao toro de uma couve” despachava-te a tua mãe para calar a tua curiosidade pelas origens, que se manteve pela vida. Foram 5 os anos de permanência na terra das tuas raízes começando cedo a tua peregrinação pelas terras e pela vida. Desde logo acompanhando a tua irmã que te deu a instrução primária.
FC– Estive depois num seminário...
VT – No final da Guerra os tempos eram difíceis e os meios materiais escassos. Certinho e guicho (como diziam por lá) enviaram-te para os Salesianos de Poiares da Régua. Continuaste os estudos em Mogofores e no Estoril.
FC– Guardo boas recordações desses tempos?
VT– A tua índole pacífica e receptiva permitiu-te passar a adolescência e a juventude sem grandes problemas. A educação era muito completa e agradava-te, pois seguia os princípios do fundador e padagogo, João Bosco, “mens sana in corpore sano”. As recordações só podem ser boas e criaste amizades que perduram.
FC – Vim então para a Escola do Magistério de Bragança...
VT – Nos anos de 1956 e 1957
FC– Anos que me marcaram...
VT– E muito. Foi a fase da tua vida a que chamaste adaptação à sociedade laica. Basta dizer que as primeiras vezes que entravas num café tinhas a sensação de que toda a gente ficava a reparar em ti. Pouco a pouco a timidez foi-se diluindo.
FC – Algum contributo especial?
VT – Eras benquisto e apoiado por todo(a)s os Colegas. Seja-me permitido lembrar o contributo que o colega Arménio deu àtua socialização.
FC – Começou depois o meu percurso profissional...
VT– Longo e se calhar fastidioso para quem lê. Resumindo, exerceste o professorado primário em várias Escolas : Bº de Costa Cabral (Porto), nas Escolas nº 72, 26, 1 e 84 (Lisboa).
FC– Entretanto continuei a estudar
VT – Formaste-te em Filosofia e Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
FC – O que me levou a deixar o professorado...
VT – Nunca. Terminado o curso foste convidado para leccionar no ISLA, então criado, onde permaneceste quase 30 anos. Foste também convidado a ensinar no ISCTE e, depois, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, onde te mantiveste até te reformar.
FC – Mas tive outras actividades?
VT – Nunca te dedicaste em exclusividade ao ensino, que nem foi a tua actividade principal. Logo que concluiste a licenciatura tiveste o privilégio de entrar para um organismo estatal de vanguarda – o Instituto Nacional de Investigação Industrial – que te abriu as portas para uma carreira na área da Psicologia do Trabalho e dos Recursos Humanos.
FC –Que tinha estudado na Faculdade
VT – Nem tanto. Recebeste abundante formação profissional em Psicossociologia das Organizações e Gestão de Recursos Humanos ( França, Bélgica e Genève).
FC – Onde apliquei?
VT– Primeiro na Norma, grande empresa nacional de consultoria e informártica. Colaboraste depois no lançamento do Instituto de Formação dos CTT até que decidiste associar-te à criação de Empresas de consultoria. Foste sócio-fundador da Área-Chave, Consultores Portugueses Associados e partner da Egor Management e Formação.
FC– Um percurso deveras variado e intenso...
VT – De que te podes honrar e sentir orgulho.
FC– Já agora o que me dizes da minha vida familiar e pessoal
VT – 1965 foi um ano marcante para ti: concluíiste a licenciatura, mudaste de actividade e passaste-te para o clube dos casados, com a Manuela, que conheceste numa aula do teu querido Mestre, Vitorino Nemésio, mãe das tuas filhas Lúcia e Maria José. Mas as rosas têm os seus espinhos e a tua vida também os teve: a Manuela faleceu depois de dez anos de grande sofrimento que marcou muito a família. Refizeste a tua vida na companhia da Margarida que, com uma família esplêndida, muito tem contribuído para retomares a felicidade então perdida.
FC – Pensas então que sou um homem feliz
VT – Cumprite aquela norma popular da realização pessoal: escreveste livros, plantaste árvores e tiveste filhos...
FC – Para terminar: projectos
VT – “Carpe diem”. És mais do género de ver o copo “meio cheio” do que “meio vazio”. O teu dia a dia de reformado não tem tempos mortos: a agricultura e jardinagem, a leitura, a música, a escrita, a internet preenchem-te. Ah! e recentemente apareceu outra Margarida, que é como quem diz a netinha que tanto esperavas...

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