domingo, 31 de janeiro de 2010

Do regime

Sou republicano por opção ideológica, que não por via láctea. Salazar, que tanto seria ditador em regime monárquico como o foi em regime republicano, chegou a dizer que a questão do regime não se punha. No que concordo. A República corresponde a uma evolução ideológica que se justificou no tempo da implantação e que hoje tem garantia de validade. A Monarquia é uma saudade não uma aspiração. Hoje devidiria mais do que uniria os portugueses. Espanha? Uma questão circunstancial (Franco). Dizem que a República não foi sufragada, e a Monarquia? Igualmente também não colhem argumentos como o dos custos do regime que, 'mutatis mutandis', se equivalem. Para mim o regime monárquico não só ofende como liquida o princípio natural e até cultural da igualdade à nascença. Num frente-a-frente ridículo na SIC de ontem um da causa monárquica (Gonçalo Câmara Pereira) argumentava: 'se o rei não presta, liquida-se'. Linda solução ("aliás" já em tempos admitida pelos princípios da filosofia política da ICAR em relação ao tirano). Faço votos para que as comemorações centenárias não conduzam a extremar posições maniqueistas mas produzam estudos sérios e serenos sobre o que de bom e de mau aconteceu nos nossos últimos 100 anos.
[Publicado no «Aliás», 31/1/10]