quinta-feira, 30 de julho de 2009

união ibérica

Uma entrada no blog “Aliás” sobre uma recente sondagem do jornal “El País” segundo a qual 40% dos portugueses aceitariam a união com Espanha suscitou-me este comentário:
A questão ibérica emerge historicamente de tempos a tempos.
Mais recentemente o paladino da união tem sido o "El País".Para além do que, na minha geração, nos ensinaram na Escola das nossas relações históricas com os nossos vizinhos, é útil racionalizarmos a questão. Pode o "El País" empertigar-se com os resultados da sondagem (não sei se os publicaria se menos favoráveis) mas a verdade é que ainda restam 60% de portugueses que teriam uma palavra a dizer. Aliás ponho reservas à aplicação da lei das maiorias em questões tão sensíveis como esta. Caso 51% dos portugueses fossem a favor da pena de morte esta deveria ser aplicada? Depois há a questão liminar do regime: Monarquia ou República? E se se caminhar para uma Europa das Nações que sentido faz unir o que está desunido há quase um milénio? E como reagiriam as regiões que em Espanha lutam (algumas ferozmente) pela independência? Quer-me parecer que, afinal, a classe mais interessada na união é a do capital ("et pour cause"!) mais alguns intelectuais que, no fundo, se envergonham de ser portugueses. Evocas, e muito bem, a cultura como factor essencial de identidade e independência nacionais. E cultura não é só livros, é sentenças sentidas do povo. Como apagar da memória colectiva o ditado "de Espanha nem bom vento nem bom casamento"? Para mim a conhecida frase de Lucáks "não há filosofias inocentes" assenta como luva a estas notícias: algo se pretende com elas. É o que se chama "gato escondido com rabo de fora". Tenho andado muito por terras de Espanha, admiro o seu passado, a sua cultura (identifico-me bem mais com o Unamuno do que com o Ortega y Gasset), e as suas gentes e tenho sérias dúvidas de que desejem a união.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Três acontecimentos recentes levaram-me a pensar se o mundo estará perigoso ou se eu não irei com ele:
-os touros de Pamplona estão uns covardes estraga-festas; tanta pompa e circunstância para obter 4 inofensivas cornadas que fizeram os hospitais entrar de folga;
-33 minutos foi o tempo dedicado pela RTP no seu noticiário mais visto à apresentação do Cristão (à portuguesa)Reinaldo. Qual o critério jornalístico pergunto-me eu. Para os que gostam de futebol (eu gosto) só interessa ver o rapaz a jogar. Para os que gostam de boas palestras devem estar satisfeitos com a oratória brilhante do Florentino ou ter desmaiado com o emplogante improviso do homenageado. Ainda se ao menos a TV nos tivesse mostrado umas espanholas altas, morenas, daquelas que, como dizia o meu amigo, um homem salta-lhes para cima e elas "olé"...
-Sobre o(s) triste(s)espectáculo(s)televisivo(s) da vida e morte do inenarrável americano Miguel o melhor é estar calado. Ainda se ao menos nos presenteassem com a verdade sobre alguns mitos que fomentaram (se foi abusado pelo pai, se fez plásticas à cor, se foi pai dos filhos, se foi pedófilo, se morreu de overdose, se...). Só penso no modelo que as televisões apresentaram aos nossos jovens para sua orientação. Mas enfim, evoco a sabedoria da minha avó analfabeta: este mundo está perdido.