quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Preconceitos…

Em longa e, como sempre para mim, interessante e profícua conversa telefónica com o meu Amigo Prof . A. Cirurgião abordámos o problema da homossexualidade de Jorge de Sena, a que me tinha referido no meu comentário «Saramago…ainda» aqui deixado. Poucos devem ter conhecido o Prof. Jorge de Sena e Família, em especial a D. Mécia como o meu Amigo. Com receio e até vergonha de incorrer em calúnia (ou,mais suavemente, inverdade) procurei completar as informações do meu Amigo com escritos e pesquizas sobre o assunto. Confirmei o que já supunha: a questão é complexa sobretudo porque contaminada por posições políticas preconceituosas. É o que afirma por exemplo a jornalista São José Almeida que estudou o tema da homossexualidade baseada nos estudos de António Fernando Cascais, Professor na Universidade Nova sobre a homossexualidade em Portugal ao caracterizar os tratamentos do homossexual durante a ditadura «"Os Homossexuais no Estado Novo». Sobre Jorge de Sena São José interroga-se com pertinência: «até que ponto é que se deve questionar a eventual homossexualidade de Jorge de Sena partindo de entrevistas ou de textos do Autor? É complexo e polémico». Procura-se a homossexualidade de Jorge de Sena na forma (e no conteúdo) ‘esquisitos’ dos «Sinais de Fogo» e no conto «Grã- Canária», que seria auto-biográfico. Por seu lado Fernando Dacosta escreve: « Sena casou. Fazia praticamente um filho por ano, o que é uma atitude muito normal nos homossexuais [em que se baseia essa lei (!) da normalidade – pergunto eu]. Conheci-o». Afirma ainda que Jorge de Sena foi expulso da Marinha «por ter sido apanhado com um rapaz». Ora diz-me o meu Amigo Prof. Cirurgião que os arquivos da Marinha ainda não foram abertos ao público e que o meu ex-colega na Faculdade de Letras de Lisboa Arnaldo Saraiva, que descreveu a homossexualidade de Sena no jornal ‘Expresso’ tinha ambições em relação à sua Cátedra na Universidade de Santa Bárbara. A questão pode ser relevante para o estudo da condição homossexual na literatura portuguesa mas, por mim, reafirmo a ninha posição: para apreciar a obra de Arte em qualquer das suas manifestações é-me indiferente a inclinação ou opção sexual do Autor.

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