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quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Anti-epitáfio
Belas frases em campa rasa e fria
Não escondem o vazio da eternidade.
Não há crença onde a única verdade
É a certeza de não voltar um dia.
Nem é coragem, nem fraqueza ou rebeldia
Não querer epitáfio de saudade;
Há-de haver quem exalte a liberdade
De dar ao corpo o destino que queria.
Se alguém fizer frases, que vão fora ;
Se mereço uma memória do passado
O meu último pedido faço agora:
Não querendo imaginar-me assim prostrado,
Prefiro ser lembrado a toda a hora
Como alguém que optou por ser cremado.
domingo, 9 de janeiro de 2011
«uma campanha pateta»
Anda tudo muito eriçado com as eleições presidenciais por causa das ligações do Cavaco ao BPN e do Alegre ao BPP. O meu Amigo Rui Fonseca, no seu excelente blog - «Aliás» - criticou-me por eu me ter indignado com a infeliz acusação da deputada Teresa Caeiro ao Alegre por ter escrito um texto de publicidade ao BPP. Respondi-lhe, amavelmente:
1-«Se a delação ... é criticável, então nunca conheceriam os votantes
os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida».Aproveito: em tempos vi com os meus olhos, no pequeno relvado frente à capelinha do Restelo, o então Sr.Manuel Alegre na marmelada com uma Senhora. Como poderia não ser a legítima esposa não será despropositado acusá-lo, embora tardiamente, de ofensa à moral pública, imprópria de um futuro candidato a PR.Vamos à delação agora!
2-«Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que ele invoque que é literário. Não é».É (pode ser) digo eu. Quem define o carácter literário não é o conteúdo mas a forma.Os sonetos pornográficos de Bocage são literatura (da boa,digo-to eu). O slogan de Alexandre O'Neill «há mar e mar, há ir e voltar» teve uma finalidade publicitára.
3-«É ilegal? Parece que não, ainda que há [quem] levante a questão de
o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade». Quem a levanta deve é deitar-se (e dormir, se a consciência não o incomodar). Só faltava que um Deputado não pudesse escrever.A Natália Correia, então, fez pior quando em plena sessão da AR escreveu um epigrama dirigido ao deputado João Morgado:
«Já que o coito,diz Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca,
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou para razão
Uma vez!
E se a função faz o homem,
Diz o ditado,
Consumada esse exceção
Ficou capado o Morgado».
Quão nefasto seria perdermos esta preciosidade se ao Deputado fosse proibido escrever!
3-«Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco». Então,caro Rui,era criticável angariar clientes (ou ser cliente) do BPP na altura do seu lançamento? Algum Banco quando criado tem como finalidade a vigarice?
1-«Se a delação ... é criticável, então nunca conheceriam os votantes
os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida».Aproveito: em tempos vi com os meus olhos, no pequeno relvado frente à capelinha do Restelo, o então Sr.Manuel Alegre na marmelada com uma Senhora. Como poderia não ser a legítima esposa não será despropositado acusá-lo, embora tardiamente, de ofensa à moral pública, imprópria de um futuro candidato a PR.Vamos à delação agora!
2-«Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que ele invoque que é literário. Não é».É (pode ser) digo eu. Quem define o carácter literário não é o conteúdo mas a forma.Os sonetos pornográficos de Bocage são literatura (da boa,digo-to eu). O slogan de Alexandre O'Neill «há mar e mar, há ir e voltar» teve uma finalidade publicitára.
3-«É ilegal? Parece que não, ainda que há [quem] levante a questão de
o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade». Quem a levanta deve é deitar-se (e dormir, se a consciência não o incomodar). Só faltava que um Deputado não pudesse escrever.A Natália Correia, então, fez pior quando em plena sessão da AR escreveu um epigrama dirigido ao deputado João Morgado:
«Já que o coito,diz Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca,
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou para razão
Uma vez!
E se a função faz o homem,
Diz o ditado,
Consumada esse exceção
Ficou capado o Morgado».
Quão nefasto seria perdermos esta preciosidade se ao Deputado fosse proibido escrever!
3-«Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco». Então,caro Rui,era criticável angariar clientes (ou ser cliente) do BPP na altura do seu lançamento? Algum Banco quando criado tem como finalidade a vigarice?
Anda tudo muito eriçado com as eleições presidenciais por causa das ligações do Cavaco ao BPN e do Alegre ao BPP. O meu Amigo Rui Fonseca, no seu excelente blog - «Aliás» - criticou-me por eu me ter indignado com a infeliz acusação da deputada Teresa Caeiro ao Alegre por este ter escrito um texto de publicidade ao BPP. Respondi-lhe, amavelmente:
1-«Se a delação ... é criticável, então nunca conheceriam os votantes
os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida».Aproveito: em tempos vi com os meus olhos, no pequeno relvado frente à capelinha do Restelo, o então Sr.Manuel Alegre na marmelada com uma Senhora. Como poderia não ser a legítima esposa não será despropositado acusá-lo, embora tardiamente, de ofensa à moral pública, imprópria de um futuro candidato a PR.Vamos à delação agora!
2-«Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que ele invoque que é literário. Não é».É (pode ser) digo eu. Quem define o carácter literário não é o conteúdo mas a forma.Os sonetos pornográficos de Bocage são literatura (da boa,digo-to eu). O slogan de Alexandre O'Neill «há mar e mar, há ir e voltar» teve uma finalidade publicitára.
3-«É ilegal? Parece que não, ainda que há [quem] levante a questão de
o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade». Quem a levanta deve é deitar-se (e dormir, se a consciência não o incomodar). Só faltava que um Deputado não pudesse escrever.A Natália Correia, então, fez pior quando em plena sessão da AR escreveu um epigrama dirigido ao deputado João Morgado:
«Já que o coito,diz Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca,
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou para razão
Uma vez!
E se a função faz o homem,
Diz o ditado,
Consumada esse exceção
Ficou capado o Morgado».
Quão nefasto seria perdermos esta preciosidade se ao Deputado fosse proibido escrever!
3-«Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco». Então,caro Rui,era criticável angariar clientes (ou ser cliente) do BPP na altura do seu lançamento? Algum Banco quando criado tem como finalidade a vigarice?
1-«Se a delação ... é criticável, então nunca conheceriam os votantes
os candidatos. Ora as campanhas eleitorais fazem-se também para sabermos quem são e o que têm feito na vida».Aproveito: em tempos vi com os meus olhos, no pequeno relvado frente à capelinha do Restelo, o então Sr.Manuel Alegre na marmelada com uma Senhora. Como poderia não ser a legítima esposa não será despropositado acusá-lo, embora tardiamente, de ofensa à moral pública, imprópria de um futuro candidato a PR.Vamos à delação agora!
2-«Manuel Alegre escreveu um texto claramente publicitário ainda que ele invoque que é literário. Não é».É (pode ser) digo eu. Quem define o carácter literário não é o conteúdo mas a forma.Os sonetos pornográficos de Bocage são literatura (da boa,digo-to eu). O slogan de Alexandre O'Neill «há mar e mar, há ir e voltar» teve uma finalidade publicitára.
3-«É ilegal? Parece que não, ainda que há [quem] levante a questão de
o ter feito quando era deputado e haver incompatibilidade». Quem a levanta deve é deitar-se (e dormir, se a consciência não o incomodar). Só faltava que um Deputado não pudesse escrever.A Natália Correia, então, fez pior quando em plena sessão da AR escreveu um epigrama dirigido ao deputado João Morgado:
«Já que o coito,diz Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina ou menino;
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova de que houve truca-truca,
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou para razão
Uma vez!
E se a função faz o homem,
Diz o ditado,
Consumada esse exceção
Ficou capado o Morgado».
Quão nefasto seria perdermos esta preciosidade se ao Deputado fosse proibido escrever!
3-«Não discuto a eventual ilegalidade mas discuto a responsabilidade dele, enquanto homem público ter muito provavelmente induzido algumas pessoas a tornarem-se clientes do banco». Então,caro Rui,era criticável angariar clientes (ou ser cliente) do BPP na altura do seu lançamento? Algum Banco quando criado tem como finalidade a vigarice?
Nobrezas
A propósito de descendentes com sangue azul (na guelra) a ‘Sábado’ (nº 348) conta a estória de um tal conde de Mafra, D.Tomás de Melo Breyner, bisavô do Miguel de Sousa Tavares (que aliás não faz gala da nobre ascendência) que, sendo director de serviço no Hospital de S. José, questionado sobre o que fazer aos estudantes de medicina que reiteradamente apalpavam as enfermeiras respondeu: «Não vejo o que se possa fazer para resolver o problema, enquanto os estudantes tiverem mãos e as enfermeiras tiverem rabo».Viveu entre 1866 e 1933 pois se vivesse nos dias de hoje teria respondido: não vejo o que se possa fazer para resolver o problema, enquanto os estudantes quiserem apalpar o rabo e as enfermeiras quiserem ser apalpadas. Coisas dos tempos!
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
aniversário
No Trassovivo pinta-se, é claro. Que é como quem diz, pintam aqueles que sentem o chamamento para a arte da tela e da paleta.Mas cultivam-se lá outros ‘traços vivos’; um deles, por sinal um traço bem carregado em ‘bold’, é o da Amizade. Que pode manifestar-se de várias maneiras. Uma delas pode ser ir festejar o S.Martinho com arroz de cabidela e, claro, castanhas assadas à transmontana na Vila D’Ala ou ir bater-se com uma valente feijoada à casa de Santa Cruz do casal Julieta/Tó.Mas há outros. O de hoje, por exemplo, foi festejar-se o aniversário da Ana Maria em ameno mas animado lanche ‘in loco’. As costumadas prendas. A minha, simples mas bem aceite foi um poemazito, que a destinatária (aliás esplêndida 'dizeur') declamou:
É real…é Real
Aquele andar compassado e miudinho,
Aquele olhar doce de menina,
Aquele jeito, decifrável, de ser Mãe.
Aquele impulso magnânimo de ajudar
Como quem faz da vida doação
Sem se interessar a quem…
Aquele gesto relaxante de pintar
Concentrada sobre a tela, duvidosa:
Paisagens, nus, seres a quem dá vida;
Feminina, suave, misteriosa,
A pôr no que faz alma e coração,
É de quem faz tudo com carinho.
Com lembranças africanas vai sonhando:
Madres, colegas, incríveis histórias
Contadas por avós;
São memórias
Que nos lembra com prazer de vez em quando.
No Trassovivo por vezes a sós,
Dando largas à imaginação;
Melhor, só estar com o seu Zé,
(Quem duvida que assim é?)
Seja em Carcavelos ou seja em Alpalhão.
Aquele ar sereno, complacente,
De quem é que será, afinal?
Não será, podem crer, de muita gente;
Mas é de alguém certamente:
É da nossa Ana Real.
É real…é Real
Aquele andar compassado e miudinho,
Aquele olhar doce de menina,
Aquele jeito, decifrável, de ser Mãe.
Aquele impulso magnânimo de ajudar
Como quem faz da vida doação
Sem se interessar a quem…
Aquele gesto relaxante de pintar
Concentrada sobre a tela, duvidosa:
Paisagens, nus, seres a quem dá vida;
Feminina, suave, misteriosa,
A pôr no que faz alma e coração,
É de quem faz tudo com carinho.
Com lembranças africanas vai sonhando:
Madres, colegas, incríveis histórias
Contadas por avós;
São memórias
Que nos lembra com prazer de vez em quando.
No Trassovivo por vezes a sós,
Dando largas à imaginação;
Melhor, só estar com o seu Zé,
(Quem duvida que assim é?)
Seja em Carcavelos ou seja em Alpalhão.
Aquele ar sereno, complacente,
De quem é que será, afinal?
Não será, podem crer, de muita gente;
Mas é de alguém certamente:
É da nossa Ana Real.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
ninhos
Naquele tempo os rapazes andávamos aos ninhos. Nas árvores ou nos barrancos porque os dos beirais era pecado destruir, a andorinha era sagrada. Ripar freixos e olmos era meia certeza de ninho achado, em geral nas trepolas. Cultivava-se o achamento: apostava-se quantos cada um sabia, visitavam-se pouco para não espantar a mãe e provocar o abandono (quantas não enjeitei por causa da curiosidade em vê-las a dar o subiaco aos implumes!), guardava-se segredo do sítio e, sobretudo, não se revelava à luz da candeia para não ir lá a cobra. Variadas eram as formas dos ninhos; em originalidade ganhava o pica-pau, mas alguém se atrevia a meter lá a mão? Depois havia os que apanhavam os pássaros.Também fiz algumas maldades que não confesso, mas logo me arrependia. O que entusiasmava era achar ninhos de carriça («a carriça diz a missa com sapatos de cortiça»). Já ninhos de pardal («o pardal muda o missal com sapatos de cabedal») não estimulavam.
E agora esta pequena pérola do nosso Miguel Torga para a pituxa a quem o Pai já mostrou ninhos na Vila Dala:
«Segredo»
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
E agora esta pequena pérola do nosso Miguel Torga para a pituxa a quem o Pai já mostrou ninhos na Vila Dala:
«Segredo»
Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Preconceitos…
Em longa e, como sempre para mim, interessante e profícua conversa telefónica com o meu Amigo Prof . A. Cirurgião abordámos o problema da homossexualidade de Jorge de Sena, a que me tinha referido no meu comentário «Saramago…ainda» aqui deixado. Poucos devem ter conhecido o Prof. Jorge de Sena e Família, em especial a D. Mécia como o meu Amigo. Com receio e até vergonha de incorrer em calúnia (ou,mais suavemente, inverdade) procurei completar as informações do meu Amigo com escritos e pesquizas sobre o assunto. Confirmei o que já supunha: a questão é complexa sobretudo porque contaminada por posições políticas preconceituosas. É o que afirma por exemplo a jornalista São José Almeida que estudou o tema da homossexualidade baseada nos estudos de António Fernando Cascais, Professor na Universidade Nova sobre a homossexualidade em Portugal ao caracterizar os tratamentos do homossexual durante a ditadura «"Os Homossexuais no Estado Novo». Sobre Jorge de Sena São José interroga-se com pertinência: «até que ponto é que se deve questionar a eventual homossexualidade de Jorge de Sena partindo de entrevistas ou de textos do Autor? É complexo e polémico». Procura-se a homossexualidade de Jorge de Sena na forma (e no conteúdo) ‘esquisitos’ dos «Sinais de Fogo» e no conto «Grã- Canária», que seria auto-biográfico. Por seu lado Fernando Dacosta escreve: « Sena casou. Fazia praticamente um filho por ano, o que é uma atitude muito normal nos homossexuais [em que se baseia essa lei (!) da normalidade – pergunto eu]. Conheci-o». Afirma ainda que Jorge de Sena foi expulso da Marinha «por ter sido apanhado com um rapaz». Ora diz-me o meu Amigo Prof. Cirurgião que os arquivos da Marinha ainda não foram abertos ao público e que o meu ex-colega na Faculdade de Letras de Lisboa Arnaldo Saraiva, que descreveu a homossexualidade de Sena no jornal ‘Expresso’ tinha ambições em relação à sua Cátedra na Universidade de Santa Bárbara. A questão pode ser relevante para o estudo da condição homossexual na literatura portuguesa mas, por mim, reafirmo a ninha posição: para apreciar a obra de Arte em qualquer das suas manifestações é-me indiferente a inclinação ou opção sexual do Autor.
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